Sugestão de Leitura | O Apanhador do Campo de Centeio, de J. D. Salinger

"O Apanhador no Campo de Centeio" é um daqueles livros que vai sobrevivendo ao tempo, passando de geração em geração, e sempre se mantém atual e relevante. Escrito em 1945 por J. D. Salinger, foi um dos livros mais legais que já li.

Salinger escrevia diversos contos antes de ter este livro publicado e, depois do sucesso que ele adquiriu com a obra, ele tornou-se muito recluso e quase não escreveu mais. Seu último escrito data de 1965, e ele faleceu em 2010, ou seja, ele passou mais de 40 anos sem escrever.

"O Apanhador no Campo de Centeio" tem como protagonista o adolescente de dezesseis/dezessete anos Holden Caulfield. O livro narra um fim-de-semana da vida de Holden, fim-de-semana este onde ele foi expulso de seu colégio interno e volta mais cedo para casa. De família rica, Holden já fora expulso de outros cinco colégios renomados e se prepara para enfrentar a reação de sua família.

Como está aflito com a recepção que terá quando chegar em casa, Holden decide vagar sem rumo pela cidade, adiando o máximo possível o momento de encontrar seus pais. Em suas andanças, Holden reflete sobre si mesmo, sobre a vida, sobre seus planos e anseios, em momentos do livro que são muito ricos para o leitor.

Além disso, ele procura por pessoas que lhes são importantes, tentando encontrar nelas a compreensão e o aconchego que não tem com seus pais. Nisso, ele vai atrás de um antigo professor, uma ex-namorada e sua irmã mais nova, compartilhando com eles as conclusões que ele tirou de sua curta vida. Ele também faz amizade com turistas e uma prostituta, ressaltando sua inadequação para relacionamentos e sua inocência.

Como o livro é um recorte da vida do protagonista, não sabemos muito sobre seu passado (apenas algumas coisas que ele conta ao longo da narrativa) e, claro, não sabemos o que acontece no seu futuro. Porém, este é o charme do livro, na minha opinião, porque os leitores se vinculam àquele momento do Holden, vivendo completamente no presente. E uma vez que o próprio Holden vive no presente, sem se preocupar demais com o futuro, nós temos exatamente a mesma visão que ele sobre a vida.

Ele é muito carismático e fica fácil nos conectarmos a ele. Holden é avesso a tudo que seja falso ou cínico e, por isso, faz muitas críticas ao estilo de vida de sua família e de seus ex-colegas de colégio. Às vezes, ele mostra comportamentos e pensamentos infantis, demonstrando muita inocência, e isso o torna interessante. Ao mesmo tempo, ele consegue ser desconexo e profundo, criança e adulto, e é legal ver as transições dele.

Fiz um vídeo, tempos atrás, que comparava Holden Caulfield com o Charlie de "As Vantagens de ser Invisível" e com o Werther de "Os Sofrimentos do Jovem Werther". O vídeo pode ser visto aqui caso alguém queira mais detalhes sobre ele.

Este livro, no entanto, não é para quem espera por grandes acontecimentos e reviravoltas no enredo. A estória, em si, não se trata do que acontece ao longo do livro. A estória é sobre os pensamentos e sentimentos de uma personagem central que possui características que todos nós, pelo menos uma vez na vida, já tivemos e vivenciamos. Quando li este livro, senti como se Holden fosse um amigo meu e eu estivesse acompanhando ele em um fim-de-semana. Depois nos despedimos e, até hoje, me pergunto o que terá sido dele.

3 Comments

  1. Oi Aline!
    No vídeo entrei um pouco mais em detalhes, e acho que vai fazer você ter mais vontade ainda de ler Apanhador. E se você gostou dos outros dois livros, vai gostar deste também. Um beijo!

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  2. Oi Tamirez!
    Olha só, fiquei me perguntando quais são os outros nove livros obrigatórios da sua lista!
    Beijos!

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  3. Nina linda!
    Eu sabia que você ia amar este post, lembrei de você todo o tempo em que o escrevi, hehe... e vira e mexe ainda procuro pra ti aquela edição que você quer, tenhamos fé que um dia acharemos!

    E eu entendo totalmente seu amor pelo Holden, ele é seu número mesmo hahaha <3

    Beijo!

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