E agora?

by Ana Luísa Pinto

Faz um tempo que estes pensamentos estão me rondando, e eu os ignorei por bastante tempo - dois anos, um pouco mais ou um pouco menos, não sei. Nos últimos dias, eles se aproximaram com mais força e, hoje, quando acordei, meu coração estava pesado. Porque eu soube, como um grito silencioso, que chegara o dia de enfrentá-los. O dia do início da luta.

Bom, acontece que estou perdendo.

Sempre fui do tipo de pessoa que tem um plano. E se tudo desse errado? Eu tinha um plano para isso também. E um terceiro, caso fosse necessário. E, mais que tudo, fui do tipo de pessoa que sabia o que queria. Mesmo em meio à tragédia, o que me firmava no chão e me salvava da loucura era este saber. Eu sabia, respirava fundo, e estava tudo bem.

E agora? Pois é, me pergunto isso também: e agora?

Acreditei que, nesta altura da minha vida (ou melhor, neste comprimento dela), eu teria encontrado meu caminho. Me perdi ali no meio do percurso, mas encontrei uma estradinha e prossegui. Para onde?, é o que venho me perguntando todos os dias. Continuo andando, mas não faço muitas idéias de para onde estou indo.

Faz um tempo que continuei me dedicando a diversas possibilidades, mas sem muitas expectativas para o futuro. Vamos seguindo, pensei, e ver o que acontece. Mas muitas destas possibilidades perderam sentido agora, quando penso melhor sobre elas. E me sinto tão triste que tenho medo de chorar e provocar uma ruptura em mim.

Me parabenizaram pelo meu aniversário e me perguntaram se eu estava feliz. Tive vergonha de responder que não sabia muito bem pelo que eu estava sendo parabenizada - veja bem, não estou insatisfeita com o presente. Estou assustada com o futuro, muito assustada, com medo de descobrir que não cheguei a lugar nenhum.


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